quarta-feira, abril 24, 2013

"TERRA" ou "Terras de Algodres"?!

Busto medieval do "Algodres", existente a fachada posterior da igreja Matriz de Algodre
s.
Haverá algumas pessoas, que provavelmente se terão já interrogado, (ou não) porque e que eu já há muito me refiro, a "Terra de Algodres" e, não as "Terras de Algodres", como e normal ver-mos escrito, quando nos queremos reportar, ao actual Município de Fornos de Algodres!
De facto e tanto quanto sei, o titulo "Terras de Algodres", foi inventado (e creio bem) pelo monsenhor Pinheiro Marques, quando nos brindou a sua principal obra literária, com o mesmo titulo, que e ate ao presente, e a única monografia sobre o nosso município.
Esta "invenção" tem muita dedução lógica, e faz algum sentido, porque ate ao século XIX, com a excepção da actual freguesia de Queiriz e, das freguesias de Alem-Mondego, Algodres era a vila que tinha predominancia nesta sub-região e, era o concelho maior, (9 paroquias). E os outros (Fornos de Algodres, Figueiró da Granja, Matança e Infias) uma forma ou outra, estavam subjugados a Algodres!
Não tem este artigo a finalidade de explicar, qual era essa subjugação, mas sim apresentar a teoria (ou não) de que em vez de se chamar "Terras", se devia dizer "Terra"!
Infelizmente, embora existam indícios bastante credíveis e ate documentos, que podem provar que a historia da "Terra de Algodres" e anterior a fundação da nossa nacionalidade, de facto a referir-se directamente a Algodres, o primeiro documento conhecido, e o foral que o Rei D. Afonso Henriques concedeu a Linhares em 1169, onde os limites daquele concelho faziam-se: "..... e com Algodres pelo Rio Mondego.....". (tradução minha, do latim para português) Ora como o concelho de Algodres só poderia chegar ao rio Mondego, ou pelas terras de Figueiró, ou de Fornos, isto prova que Algodres em meados do século XII abrangia ainda, o que mais tarde (não se sabe quando) passou a ser o concelho de Fornos de Algodres e, também, o que foi mais tarde, o concelho de Figueiró da Granja, porque nessa altura era unicamente uma granja, (quinta) que englobada no concelho de Algodres, era propriedade real (reguengo), assim como o era todo o concelho.
A provar precisamente isto, foi o próprio D. Afonso Henriques, quem vendeu essa "Granja da Figairola", ao cavaleiro Egas Gonçalves em 1167!
Se antes de 1169 esta terra era uma só, pois ainda se não tinham constituído os referidos concelhos de Fornos e de Figueiró, era uma única unidade; "terra" e não terras, como se escreve a maior parte das vezes.
Isto são deducoes mais que lógicas (digo eu), mas que estão provadas num outro documento, actualmente existente, este sim já referente directamente a nossa sub-região: "Inquiricoes da Beira e Alem-Douro, de D. Afonso III, 1258".
Nessa altura já estavam constituídos os concelhos reguengos; de Algodres, Fornos e Matança e, Figueiró da Granja, embora ainda não concelho, era um Couto do Mosteiro de S. João de Tarouca!
Mas na parte final referente a Algodres, referem os inquiridores que: "....nos vimos uma carta de povoação, da terra de Algodres, concedida por "Donnus S. Menendi"...." (tradução minha, para a nossa língua, do latim)!!!
Este "Donnus S. Menendi", supõe-se que tenha sido um Soeiro Mendes, da mais importante das famílias condais, que existia anteriormente a fundação da nossa Pátria (documentado em 1081) e eram descendentes directos, de D. Mumadona Dias e Vimara Peres. Embora a essa carta se referissem, não referem a data em que foi concedida, mas a ser um Soeiro (só referem "S.") Mendes, e no entanto pessoa importante, não só porque tem o titulo de Dom, (Donnus) como só os proprietarios das terras, podiam conceder as "cartas de povoação", que foram os mais antigos documentos, muito antes dos "forais". Tanto poderia ter sido o Conde Portucalense derrotado da Batalha de Pedroso pelo rei de Leão, quando se intitulou "Rei de Portugal", em fins do século XI, ou o que foi "tennes de Sena" (tenente de Seia) e governador da fronteira com os Mouros, (documentado em 1103) que teve este cargo, concedido pelo rei D. Afonso X de Leão, depois da re-conquista crista da Beira, feita por Fernando Magno rei de Leão em 1065!
Isto confirma que a "terra de Algodres", embora essa "carta de povoação", tenha desaparecido na voragem do tempo, era ainda em princípios da nacionalidade, uma única unidade administrativa e, e portanto mais antiga que o Reino de Portugal!
Reminiscencias disso mesmo, aparecem ainda em documentos oficiais, existentes em varias cancelarias regias, quando a vila e concelho de Fornos, que comprovadamente teve já um foral concedido por D. Dinis em 1310, (1348 da era de César) ainda e sempre, aparece mencionada nos séculos XV, XVI, XVII e XVIII, como "de Algodres", "do pé de Algodres", "a par de Algodres", junto a Algodres"  e surpreendam-se, ate ;"do cabo de Algodres"!
Ora se era do cabo, só quer dizer que era aqui, no que mais tarde foi o concelho reguengo de Fornos, o cabo, ou a ponta, da antiquíssima "terra de Algodres"!
Isto vem deitar por terra completamente, o "mito" que se espalhou, de que Fornos só passou a chamar-se "de Algodres", quando para cá passou a cabeça, (sede) do concelho "D'Algodres", que foi em 1837 (decreto de 12 de Junho) e não em 6 de Novembro de 1836, como se vê escrito em muitíssimos sítios, ate no "site" municipal!


domingo, abril 14, 2013

O "Ripanco", (cedilha no c) Santa Eufemia da Matanca! II

O ripanco e o linho

Desconhecendo eu o que era, o objecto que a imagem Santa Eufémia tem na sua mão esquerda, fui informado por um leitor; que era um "ripanco", objecto que e usado, no processo da preparação do linho!
Como podem ver nesta fotografia, que retirei do http://onovoblogdosforninhenses.blogspot.com
este artefacto e constituído por vários picos, que se usam para ripar o linho.
Não tenho conhecimento que tenha sido esse um dos instrumentos do martírio, da nossa Santa Eufemia que veneramos na Matança, mas por alguma razão ele ai esta, nesta imagem que e muitíssimo antiga, assim como e muito antiga esta capela!
E interessante que em terra onde outrora se cultivava muito linho; ou não fosse a Matança servida por dois cursos de agua: Rio Carapito e Ribeira das Forcadas, que seja o instrumento da faina do linho, mais cortante e dilacerante, que e apresentado como objecto do martírio, na imagem da "nossa" Santa.
Esta e talvez a maior prova, de que a "nossa" Santa Eufemia e de facto a de Braga/Ourense, e não, a da Calcedónia como eu já vi escrito, ate porque a Província do Minho de onde era natural, sempre foi também uma região, onde se cultivava e ainda se cultiva o linho!

"Oração de Santa Eufemia"

O Senhora Santa Eufemia,
Vizinha da Fonte Fria.
Fazeis milagres de noite,
Fazeis-os também de dia.
Levai-me esta doença,
Para vossa companhia.

Reza-se esta oração e prometem-se cravos, coisa que a tradição repete, eram a flor predilecta da Santa.


"Quadra popular"

O Virgem Santa Eufemia,
Virada para os pinhais.
Para ver se vê chegar,
Alguma devota mais.